segunda-feira, 26 de julho de 2010

"DIÁLOGOS" COM "DESPLANTE"



a vinda do bailarino miguel alonso para salvador tem sido bastante enriquecedora para fazermos a IMERSÃO FLAMENCA. essa semana será ainda mais, pois, paralelo ao Desplante, eu e miguel estamos fazendo uma mega mobilização com profissionais de flamenco de Salvador para apresentarmos um espetáculo flamenco (flamenco mesmo, o tradicional) no Teatro Vila Velha no próximo dia 01 de agosto. o bom disso para o DESPLANTE é que meus parceiros de trabalho do Desplante vão poder acompanhar os ensaios e assistir como se operam os tantos elementos num trabalho de flamenco tradicional: guitarra flamenca, cante, violino, cajón, palmas, enfim... tudo "como manda o figurino" - coisa que eles ainda não tiveram a oportunidade de ver nem de participar... aos poucos, a imersão vai inflando nosso processo... a ver lo que pasa...

domingo, 25 de julho de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

RESIDENCIA ARTÍSTICA DE FLAMENCO COM MIGUEL ALONSO



Começamos essa semana nossa residência artística de flamenco com o bailaor cubano Miguel Alonso, grande "bailaor" flamenco e professor residente no Brasil atualmente (SP). A vinda do Miguel para Salvador tem sido de extrema importância para o projeto Desplante. Como ele é o professor com que eu aprendi flamenco e por ele tenho muita admiração e respeito, decidimos convidá-lo para essa parceria com o projeto Desplante. Trocamos algumas idéias sobre o projeto e sobre flamenco e começamos as aulas, experimentando no corpo as diversas nuances e estados corporais que alguns princípios de movimentos de flamenco nos provocam, estudando as linhas do flamenco, posturas, intenções, etc. Mesmo sabendo que a ideia do nosso espetáculo está longe de um flamenco tradicional, consideramos ser importante criamos um diálogo com a tradição, pensando nas diferentes leituras que cada um pode fazer com "seu olhar" flamenco num contexto contemporâneo.

Para aproveitarmos a vinda de Miguel Alonso para cá e incentivar o estudo dessa dança e o aprimoramento profissional dos que se interessam por flamenco em Salvador, criamos três workshops de flamenco para profissionais da área e alunos. E ainda: eu e miguel decidimos convidar/mobilizar todos os profissionais de flamenco de Salvador para participar de um espetáculo nosso, q acontecerá no teatro Vila Velha no dia 01 de agosto. É uma maneira de estarmos investindo também em formação de público e de estar proporcionando até mesmo para artistas em geral (inclusive os do projeto Desplante) a oportunidade de verem uma juerga bem flamenca, com direito a baile, cante, guitarra, cajón y todo!! OLÉ! VAMO YA!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

continuidade intensa: reflexões sobre...

A gota d’ água evocada por Bibi Ferreira... E “Basta um dia” para uma nova possibilidade de conexão tão intensa como a energia que envolve o universo flamenco e a interpretação da atriz, da obra de Chico...

Um Desplante dos paradigmas estéticos que explode/alarga o trânsito entre as linguagens.

Fico pensando sobre a intensidade do corpo flamenco dos cantes mais sofridos em caras bocas “facas” e dores horrores... Nas circunstâncias que encontramos esse estado de corpo nas situações da vida nos dramas da vida, tão bem disposto nos filmes de Almodóvar. E chego imediatamente à tragédia: da morte do boi e o êxtase do toureiro, a Tauromaquia o espetáculo.

Vermelho sangue!

O limiar entre profunda dor e alegria eufórica poderia sugerir uma dramaturgia de movimento para investigação do Desplante? Penso na voz e no trabalho do ator, nos barracos armados entre os moradores do Pelourinho ao som de Roberto Carlos. Lembro-me também de “Encarnado” espetáculo da Lia Rodrigues que atinge o ápice expressionista do grito na vermelhidão enjoativa do catchup. Ou Hooman Sharifi que extrapola as possibilidades narrativas do gesto em “Deus existe a mãe está presente, mas eles não se importam mais”.

Reflexos de imagens que emergem como referenciais possíveis para configurar no trabalho, estados de corpo denso/ intenso.

reflexões do processo

O experimento até então, parecia se encontrar no lugar de incidência da diferença pela semelhança ou regras do jogo, trabalhava as especificidades discursivas de cada corpo com as mesmas ações, sugerindo espacialidades pré-estabelecidas e “acordos cênicos” imprevisíveis. Com a mudança dessas regras na investigação, o processo recaiu sobre estratégias compositivas que acionam principalmente princípios coreográficos de cada corpo, sem, no entanto deixar de lado aquele jeito de organizar que prevê a contaminação ou o “mesmo movimento” para todos.


Essa narrativa criada pela relação dos corpos no espaço configura performances performativas geradas pelo encontro da diversidade simbólica de cada corpo cultura. Dessa forma, articular os discursos dos corpos sobre o infinito particular do flamenco e confluir essas diferentes estratégias num só trabalho requer acordos cuidadosos durante todas as composições cênicas.

Refletindo sobre o leque de probabilidades que o cruzamento entre as linguagens que a dança e a performance oferecem, acredito haver nesse trabalho uma abertura para estados explosivos, dilatados, silenciosos, continuamente densos mesmo que vibrantes. E diante do andamento do processo, do recorte dado a cada corpo, proponho um debruçar redobrado na vivencia do instante que implode / explode a excitação do desplante, e após o enfrentamento com o chão... o choro o cante o grito... o oléeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee.

presente de aniversário: wagner schwartz! :)

hoje, 5 de julho, bem no dia do meu aniversario (!), torno público algo que considero um "presente" que nós do Desplante ganhamos: a presença (virtual) de Wagner Schwartz em nossas reflexões sobre o processo de Desplante. Wagner é um artista contemporâneo, um performer brasileiro extremamente sensível e que admiramos muuuuito (!) - e que, láááááá da França, vem contribuindo com seu modo sutil, sincero e direto, com provocações, sugestões, apoios, questionamentos.

http://www.wagnerschwartz.com/
http://wagnerschwartz.blogspot.com/
(desculpem, mais ainda não tô conseguindo postar endereço da net aqui como hiperlink...)

até então nossa parceria estava se dando via email - eu, Laura, e ele, Wagner. entretanto, decidimos tornar essa conversa pública e penso que o blog é um lugar bacana para estarmos compartilhando alguns de nossos assuntos com outros interessados - afinal, acho bastante rica as contribuições que Wagner vem dando e que merece que outras pessoas leiam. como todo processo de arte contemporânea, não sabemos a configuração final que o projeto irá tomar, por isso, não tenho a pretensão de esconder eventuais dificuldades que emergem no processo.

agradeço muitíssimo ao wagner pelo "alimento" que vem dando ao nosso processo - e espero que essa parceria continue cada vez mais próspera!
bjo grande, laura pacheco

obs. COMPARTILHO AQUI O ÚLTIMO EMAIL Q RECEBI DELE. AOS POUCOS, VOU POSTANDO OUTROS.

De: Wagner Schwartz
Assunto: 27 de junho
Para: "Laura Pacheco"
Data: Segunda-feira, 28 de Junho de 2010, 2:34

laura querida, tudo bem?

ando vendo seu blogue.
a coisa está tomando um corpo inquieto,
literatura comparada, mas que não se restringe
à dicotomias.

acho que começo a ver que o "flamenco"
ou "pensar flamenco em um outro local"
tem também um tanto de inconformação
que ajuda a visualizar uma identidade,
e até um porém subjetivo.

acho "desplante" muito bom.
uma palavra só que abriga um monte de outras,
um monte de outros territórios e, também,
você (o signo mais importante).

acho que essa facilidade que você tem de escrever,
deve te ajudar a criar a dramaturgia de seu trabalho.
você consegue traduzir, laura, isso é muito importante.

talvez, a tradução seja a questão. e você está construindo
seu próprio método. uma forma de manter-se-em-casa
agindo também no mundo.

DESPLANTE = SATURAÇÃO
(dois movimentos de força)

você citou no resumo que fez do filme:
"um estrangeiro não acolhido"
a dança flamenca, é uma estrangeira
acolhida?