terça-feira, 29 de junho de 2010

Sobre ontem na sala de dança da ufba (21/06)::

entre as cadeiras e a tensão – no sentido provocador - presente na nossa discussão
sobre impressões e pressões de nosso processo

pra mim esclareceu alguns aspectos relativos às nossas possibilidades de “agenciamento” – essa inclusive foi uma palavra dita ontem

e assim os percebi no caminhar, havia uma apreensividade
e em mim também senti esta apreensividade

Chegamos em casa e a embriaguez do álcool e da fumaça
nos ajudou a insistir no processo,
Manter-se nele e falar despretensiosamente sobre tais im-pressões
E a idéia de despretensão persistiu em mim

Do que pouco sei das nossas configurações, insisto agora na pergunta que nos fiz ontem
O que nós queremos fazer com isso?
Me parece que fugimos dos esquemas categóricos e classificatórios, mas estamos diante da decisão de um processo que nos arremessará dentro, fora, ou onde quer que seja no campo das classificações....

E quando falo de despretensão penso num desapego também,
Não há nenhum apego quando descrevo a imagem de um espaço pra vocês no MAM,
Como entendo que não há nenhum apego com as propostas que vimos ontem
São possibilidades que saem do campo da abstração e tentam um sítense

Despretensiosamente é que me encorajei a escrever estas idéias soltas, na confiança de que a confusão e os desencontros entre nós, são potências
aí vão, sem medo nem apreensão, assumindo o risco do erro, da idéia fora do círculo do COMPASSO.....
Na reverberação desse compasso em vocês é que vou perceber a tangencia ou o luto destas idéias

pessoalmente me interessa a possibilidade da performance
Ainda que saiba do meu desconhecimento sobre o tema, sou verde verde

Fico tentando visualizar ações de deslocamento, que não se dão pelo traçado de uma trajetória, mas pelo manter-se num lugar e deslocar algo dentro dele, ainda numa abstração: deslocar o flamenco

Ando pensando no clichê circense dos números, vocês lembram disso?
O espetáculo do circo é composto por números

No nosso deslocamento:
Diferentes números apresentados de forma a criar circuitos guiados por “narrativas” disponíveis em diferentes “canais de mídia” que são fones de ouvidos


Um número:
Um “espantalho” saturado pelas iconografias flamencas
Um iconoclasta chifrudo de pé de bota pesada e militar martelada com prego, cartas de baralho e penetas forjando uma cabeleira, velas saindo pelas extremidades e queimando o plástico da peneta e do baralho


um objeto
óculos cujas lentes são os olhos mágicos em que vemos uma multidão nos olhando
o que vemos é o que nos olha
bem no ímpeto da arena
do olhar panóptico às avessas
do olhar como coerção numa exposição absolutamente desconfortante

uma televisão

e uma caixa de música desafinada abre e fecha abre e fecha


Imaginamos – eu pedro e laura embriagados
objetos
Um circuito de narrativas em fones de ouvido
E um espaço absolutamente silencioso

E diante da contrariedade da narrativa sobre a qual falamos ontem
É que pensamos em embriagá-la
Fazer uma dobra nela mesma
Lembrei de um trabalho do tiago, em que a narrativa de um espaço é que o configurava

Agora preparando pra queimar fogos de são joão.....

Deixo um beijo enorme
Pra dizer que ando aprendendo muito nesse processo e que a nossa diferença precisa nos inspirar num movimento de calma, espreita e emoção

Um comentário:

  1. bom, amiga... só tenho mesmo a agradecer por sua tamanha sensibilidade, percepção e organização das idéias em um processo que lida com tantas diferenças no modo de pensar a composicão e criação artísticas. certamente, não dá para a gente buscar algum reconhecimento entre nós por meio das categorizações, tipo "estamos fazendo dança contemporânea", ou "performance", ou "flamenco", ou um "design" da cena, ou "do som", ou do "vídeo", enfim, o que quer que seja... cada profissional aqui tem sua habilidade, e no quesito "corpo" estas também não são as mesmas... apesar de eu observar que a especificidade "dança contemportânea" esteja predominando (pelo menos nos experimentos que apresentamos aquele dia...) a questão parece ser: como lidar com nossas diferentes especificidades, não estabelecendo hierarquia entre elas - apesar do flamenco ser o foco principal, como ARTICULAR nossas diferenças e fazer isso algo produtivo, como lidar com o medo de cairmos no estereótipo sem negá-lo, COMO ARTICULAR nossas NARRATIVAS?.... o "estranho" ainda é o espaço comum que compartilhamos...

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